sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres na universidade: yes, we can!


Não é novidade que há muitos anos as mulheres buscam a igualdade entre os sexos. Para chegarmos onde estamos, houve um longo processo para que suas vozes fossem ouvidas e para que seus direitos de igualdade fossem garantidos por lei. Um desses direitos adquiridos pela mulher, ainda que tardiamente no Brasil, foi o acesso à Educação, em especial à Educação Superior. Apesar de terem passado tanto tempo excluídas da universidade, as mulheres representam uma fatia significativa das matrículas em cursos superiores. Hoje, as mulheres representam cerca de 51% da população brasileira (dados do censo de 2010 http://www.brasil.gov.br/sobre/o-brasil/o-brasil-em-numeros-1/demografia/print) e representam mais de 59% dos concluintes em cursos presenciais nas universidades do país (dados do censo da educação superior de 2012 http://portal.inep.gov.br/superior-censosuperior-sinopse).
O caminho até aqui foi longo, como sempre.  A economia colonial brasileira fundada na grande propriedade rural e na mão-de-obra escrava deu pouca atenção ao ensino formal para os homens e nenhuma para as mulheres. Foi somente com a chegada da Família Real no Brasil, quando deixamos de ser colônia para ser Nação, que a diversidade econômica e cultural criou a demanda por educação. Pela primeira vez, os dirigentes do país manifestaram preocupação com a educação feminina e as primeiras leis garantem educação primária extensiva às meninas. No entanto, durante um longo tempo o número de matriculas de mulheres foi bem reduzido.
No início do século XIX apareceram as primeiras escolas para mulheres, mas as meninas em geral não passavam do ensino primário. Existia uma forte especialização de gênero e para as mulheres havia ênfase no conteúdo moral, dirigido à preparação para seu papel de mãe e esposa e para as tarefas domésticas. A educação secundária se restringia ao magistério. A situação era mais dramática na educação superior, que era exclusivamente masculina. As mulheres foram excluídas dos primeiros cursos de Medicina (1808), Engenharia (1810) e Direito surgidos no país.
Para conseguir o diploma, as brasileiras tinham que ir para o exterior.  Maria Augusta Generosa Estrella foi a primeira mulher a receber o diploma de medicina no Brasil, em 1887 (apesar de ter concluído seu curso muito antes, ela só pode se formar depois de completar a maioridade). Ela se formou com louvor na New York Medical College and Hospital for Women, em Nova York.  Pioneiras como ela encontraram muitas dificuldades para se afirmar profissionalmente e várias delas estiveram sujeitas ao ridículo (se hoje tem gente que quer descer do avião porque o piloto é mulher, imagina se alguém ia querer se consultar com uma mulher em 1887). 
Seu exemplo contribuiu para a abertura das faculdades às jovens do nosso país, o que aconteceu em 1879, com a Reforma Leôncio de Carvalho, pelo Decreto nº 7247, de 19 de abril.
Houve a abertura das universidades para as mulheres, mas o ensino continuava especializado de acordo com o gênero. Para o ensino primário, previa-se o conteúdo:




E para o ensino secundário previa-se, entre outros:



O texto completo do decreto pode ser encontrado em http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/34/doc01a_34.pdf
(Lendo esse documento você descobre a origem da palavra “cadeira” usada pelos alunos da UFOP!).

A primeira mulher a se formar no Brasil foi Rita Lobato Velho Lopes, que se formou em 1887, após defender sua tese sobre a operação cesariana, na Faculdade de Medicina de Salvador, na Bahia. Ela foi a segunda na América Latina, atrás da chilena Eloísa Diaz Inzunza, que se formou um ano antes.

Em pesquisa realizada nos arquivos das antigas escolas Superiores, que vieram a constituir mais tarde a Universidade de São Paulo, vê-se que a primeira mulher a diplomar-se em Direito, ali, se formou em 1902. Somente nove anos depois, em 1911, registra-se a presença de mais uma mulher. Em 1918, as primeiras mulheres diplomam-se em Medicina no Estado. E a primeira mulher a freqüentar a Escola politécnica de São Paulo somente vai fazê-lo em 1928.

A participação das mulheres em cursos tradicionais começa a aumentar somente a partir dos anos 40.  Haviam várias mulheres nos cursos de Medicina, Direito e Engenharia, mas a porcentagem era ainda muito baixa para que a universidade pudesse ser vista como um espaço aberto à participação feminina. O número de mulheres passa a ser mais expressivo com a criação dos “cursos de mulherzinha”, como o curso de Filosofia, criado em 1942 na Bahia. Tais cursos eram criados especificamente para mulheres, reafirmavam os estereótipos e reforçavam a divisão das carreiras por gênero. Estabelecia-se assim, de modo tácito, que aos homens estariam destinadas às áreas de ‘valor social’ e possibilidades econômicas e às mulheres aquelas voltadas à preparação para o ensino secundário e à ‘cultura humanística’.

A participação feminina passa de 20% em 1956 para 40% em 1971. No entanto, ela não ocorre de modo uniforme; o aumento da concentração se dá, sobretudo, naquelas carreiras ‘femininas’ definidas culturalmente como mais apropriadas à mulher. As matriculas de mulheres são majoritariamente nos cursos de Letras, Ciências Humanas e Filosofia.

Hoje ainda existe uma concentração maior da participação feminina nessas áreas, mas a
inserção das mulheres naquelas carreiras tradicionalmente ‘masculinas’ é cada vez mais expressiva. Mesmo em proporções reduzidas, essa participação representa um avanço inclusive porque as que aí ingressam apresentam, freqüentemente, melhor desempenho que os homens no vestibular (Rá!).

Pessoalmente, acredito que estamos próximos da igualdade de oportunidade no acesso e permanência de homens e mulheres no sistema de ensino brasileiro. É claro que ainda temos muito a fazer. Eu não passei por isso, mas imagino que várias colegas tenham problemas para se afirmar profissionalmente quando escolhem carreiras como a Engenharia, por exemplo, e principalmente quando assumem cargos de chefia, coordenando equipes formadas por homens em sua maioria (é, nem todos os homens aprenderam a respeitar as mulheres no poder). Além de estarem menos presentes do que os homens no mercado de trabalho, as mulheres ocupam espaços diferenciados e estão sobrerrepresentadas nos trabalhos precários”, diz estudo do Ipea. A trajetória feminina rumo ao mercado de trabalho não significou a redivisão das tarefas entre homens e mulheres, mesmo quando se tratam de atividades remuneradas.

Em geral, temos condições de competir de igual para igual com eles, em todas as áreas. A preferência das mulheres por certos cursos reflete um aspecto social, e eu não acho que isso queira dizer necessariamente que as coisas estejam ruins. Queremos igualdade de oportunidades, não de vontades! Homens e mulheres são muito diferentes, fomos projetados assim. Então é natural que os interesses sejam diferentes, que as habilidades sejam diferentes e por isso as escolhas sejam diferentes. Pessoas diferentes precisam de tratamento igualitário, não igual! Pra mim, o mais importante é que aquelas que se interessem por cursos dominados pelos homens tenham condições de entrar e se formar em condições iguais às deles.


Fontes:

  • Revolução feminina: as mulheres à frente na educação, artigo de José Eustáquio Diniz Alves (http://www.ecodebate.com.br/2010/07/23/revolucao-feminina-as-mulheres-a-frente-na-educacao-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/)
  • MULHERES NO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL, Delcele Mascarenhas Queiroz – Uneb e UFBa.


domingo, 16 de setembro de 2012

A greve das universidades e o partido contra os trabalhadores

O texto abaixo foi escrito pela professora Sabrina Barroso. Ela trabalha na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, ama o que faz e está cada dia mais desapontada com os rumos (ou a falta dele) da educação no Brasil.

Fazia 11 anos que as Universidades Federais brasileiras não aderiam em peso a um movimento de greve e isso se deveu, pelo menos em parte, a confiança que muitos profissionais da área da Educação depositaram na mudança de governo, na entrada de um partido dito “dos trabalhadores” em uma posição de poder. Acreditou-se que a Educação re
ceberia o lugar de destaque que cremos que ela mereça e que, os então opositores petistas, faziam tanta questão de destacar que o governo neoliberal direitista não concedia a ela.

Confiamos, mais promessas foram feitas, confiamos, esperamos. Passaram-se os anos e vimos que as promessas seguiriam assim, como promessas e a educação brasileira melhoraria em números apresentáveis em eventos nacionais e internacionais, mas seguiria relegada às migalhas e ao desleixo. Os profissionais da educação, esses, seriam conclamados a trabalhar por “vocação”, numa alusão clara a não valorização dessa carreira.

O Governo Federal mostrou inequivocamente, desde 2010 que não valoriza os profissionais da educação, sejam eles docentes ou técnicos. O acordo assinado em 2010 que concedeu reles 4% de aumento para os docentes federais foi descumprido. As demais reivindicações de professores e técnicos nem sequer foram discutidas. Elas são as mesmas há anos e quem desejar conhecê-las, basta que olhem as pautas das greves dos últimos 50 anos: estruturação de carreira, definição de uma data base anual pra negociação salarial (coisa que o governo exige do setor privado!), reposição de perdas salariais, incorporação das gratificações ao salário, infraestrutura e condições dignas de trabalho, facilitação e incentivo à qualificação.

Em 2012 veio o maior movimento de greve dos últimos 50 anos. Uma forma de deixarmos claro nosso descontentamento com os rumos (ou a falta deles) dados à Educação no Brasil. Nesse momento esteve nas mãos do governo federal honrar o nome de seu partido e se posicionar ao lado dos trabalhadores, mas o que vimos foi que não éramos apenas desvalorizados, éramos desconsiderados completamente pelo governo. Um governo que recusou-se a conversar e negociar com os representantes sindicais, uso de modo premeditado a mídia para denegrir os profissionais federais da educação e gerar desinformação, seguindo os passos do governo anterior, assinou um acordo unilateral com um sindicato docente que representava 13% das instituições federais e exigiu que os outros 87% dos profissionais aceitasse essa situação. Se ofende a atual presidente ser chamada de “Dil-má”, ofende a toda uma classe profissional sermos chamados de “sangue azul”, como se não trabalhássemos arduamente para fazer por merecer a dita estabilidade que vem vinculada a ser um funcionário federal. Além disso, diferente da classe política, nosso salário não se torna direito adquirido após 8 anos de profissão.

Fomos massacrados. Por meios torpes o governo federal mostrou que pode ignorar a toda uma categoria e seguir com seu discurso falacioso de que a educação é uma prioridade nacional, mascarando números e minando as liberdades individuais e o caráter meritocrático presente no sistema de ensino desde sua criação.

Fomos traídos. Nossa desunião e o comportamento nocivo e vendido de uma parcela dos próprios profissionais minou por dentro o movimento de greve 2012.

Fomos ignorados. Em lugar de ver a população brasileira levantar-se e, juntamente conosco, exigir que a educação no país seja levada a sério, vimos que “pão e circo” realmente são mais importantes. Vimos que nem as pessoas que acreditam que a educação será a chave para sua ascensão social realmente se importam com ela. Vimos que muitos de nossos estudantes também não valorizam a educação ou os profissionais responsáveis por ela. Há sete oceanos de diferença entre querer um diploma e querer educação. Devo esclarecer que essa generalização é indevida e que houve honrosas exceções entre a população. Pessoas que entenderam que essa luta não era por salário meramente, era por reconhecimento do impacto do trabalho dos profissionais de educação para esse país. Era para nunca mais ter que ouvir “Professor, o senhor trabalha ou só dá aulas?”, era pra não perder, cada vez mais, os melhores profissionais para a iniciativa privada ou a não docência.

O acordo unilateral do governo está tramitando, será aprovado e as instituições de ensino federal, exaustas e desconsoladas começam a retirar suas tropas de campo e a amargar uma derrota com gosto de fel. Pior, sabem, com a clareza de um dia de verão, que outros 11 anos não irão se passar sem que novamente haja uma greve das instituições de ensino federal. Sabem que até essa banalização do movimento de greve no setor, tão sintomática da forma como o poder público lida com as questões de educação, fala contra nós na luta diária que travamos para formar profissionais de qualidade e para mostrar ao governo brasileiro que, um dia, terá que parar de tratar a todos nós como estúpidos e acomodados.

Nesse momento os colegas que envolveram esforços e esperanças no movimento de greve tentam buscar consolo em vitórias ilusórias que teriam sido conseguidas com essa luta. Não consigo vê-las. O plano de carreira sofreu alterações que não atendem ao que foi pleiteado, receberemos outra reposição de perdas salariais insuficiente e as Universidades Federais perderam mais um pedacinho de sua autonomia. Os estudantes foram prejudicados, nossas famílias foram e serão prejudicadas, nós fomos prejudicados. Passar por todo o desgaste emocional que enfrentamos, repor aulas e ficar sem férias por dois anos teria valido a pena se pudéssemos voltar para sala de aula com a certeza que algo seria diferente. Passando o exemplo aos nossos profissionais em formação que é possível conseguir vitórias quando a causa é justa e que não é preciso aceitar que o tratem sem respeito. Voltar agora, após quatro meses e ter que explicar que tudo será “como era no princípio, agora e sempre, pelos séculos dos séculos” será doloroso a todos, exceto ao governo.

Não entrei em greve por um aumento no meu contracheque, o fiz pela carreira que escolhi e que acredito merecer respeito. Ainda que tivesse entrado apenas pelo aumento salarial, sairia igualmente derrotada, pois isso também não foi conquistado. Contudo, aprendi muito durante esses quatro meses de paralisação. Lições sofridas sobre como é diferente a postura de governo/oposição, até quando a oposição é, em tese, o governo. Não entendam esse desabafo como uma crítica simplista ao Partido dos Trabalhadores (PT) ou a atribuam a algum tipo de apologia a qualquer partido. Até o momento todos os que se sucederam no governo federal fizeram pela educação praticamente o mesmo, ou seja, nada.

O diferencial do atual governo é a busca por cercear ainda mais os direitos dos trabalhadores, pois nem sob o governo Fernando Henrique Cardoso cogitou-se o tipo de lei contra o movimento grevista que o atual governo fará passar pela goela de todos nós. Se o título deve definir a obra, como exigem os revisores dos artigos que somos cada vez mais pressionados a enviar de forma taylorista às revistas científicas, o atual PT deve mudar a preposição de seu nome e assumir que, pelo menos quando se fala em educação, seu interesse é nulo e sua identidade é Partido CONTRA os trabalhadores.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sobre a Educação e a falta dela no Brasil

Esse texto foi publicado pelo meu amigo Leonardo Souza no blog dele: http://ildiagonale.blogspot.com.br 

Ele foi escrito em 23 de agosto de 2011 e é bem propício pro momento em que vivemos.

O Leo possui curso técnico em eletrônica pelo CEFET-MG (1998), graduação em física pela Universidade Federal de Viçosa (2004), mestrado em Física pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005) e doutorado em física pela Universidade Federal de Minas Gerais (2009). Tem experiência na área de Física, com ênfase em Física Clássica e Física Quântica; Mecânica e Campos, atuando principalmente nos seguintes temas: sistemas quânticos abertos. Atualmente é professor com dedicação exclusiva da Universidade Federal de Viçosa, campus Florestal. 


Oi. Jóia?

Então... estamos passando por um tempo complicado. Greve, paraliSações (sim, com S... fiquei sabendo hoje), etc. Mas, onde está a MOBILIZAÇÃO??? Sobre isso que quero escrever.  vou escrever em meu nome, como professor universitário e principalmente como cidadão hipócrita brasileiro.

Nesta quarta grande parte das IFES (instituições federais de ensino) irão fazer um dia de paralização. Motivo? Salário, progressão acadêmica, carreira profissional. Lutas justas, concordo em partes. Mas eu penso que podemos fazer mais e melhor. Se não quiser ler tudo, pule para o final que tem um resumo lá! :-)

Primeiro ponto: A educação brazuca está ruim. Quem dá aula em universidade ou faculdade tá sempre reclamando: "Ah, mas o moleque não sabe somar, não sabe função, não sabe português, não sabe geografia nem história básica." Sim, reclamamos, mas o que fazemos de fato? NADA. Os sindicatos, ou os movimentos professoris (paródia com movimentos estudantis), são inúteis. Brigam pelo salário, dizem que vão cumprir assessoria jurídica e tal. Masqual a ideologia do magistério superior brazuca? Nenhuma. Não há ideologia, não a luta de fato. Brigamos pelo nosso bolso, ou o volume do mesmo, e nada mais.

Como dito acima, reclamamos muito dos estudantes de hoje. Mas, qual a situação da escola fundamental e média no Brasil? Professores extremamente mal remunerados, condições estruturais nulas, estudantes que não tem porque se motivarem. E fica essa briguinha de classes querendo, cada qual, aumentar apenas o volume de seu bolso e o que está contido, monetariamente falando, nele.

Quando eu digo que o salário do magistério superior brasileiro é bom, quase me crucificam. Mas, sinceramente, é bom... compare com o salário do magistério fundamental e médio. OK, se compararmos com a corrupção e os salários dos deputados, vejo que estamos defasados. Se compararmos com o salário de um jogador de futebol de time grande, estamos defasados. Mas e o salário do professor do fundamental, quão defasado está? Qual a estrutura que o professor do ensino básico possui?

Dito isto sobre salários e estrutura do BÁSICO, passarei pro meu segundo e último ponto: a estrutura do ensino SUPERIOR brazuca. O governo Lula implantou o programa REUNI, re reestruturação das IFES. Cada universidade fez o seu projeto REUNI (que eu saiba, todos os projetos foram feitos "nas coxa" e mal formulados), e está tentando implantá-lo da melhor forma possível. Leciono num Campus REUNI e posso afirmar com absoluta convicção que este programa está inteiramente atrasado. Não temos laboratórios de pesquisa E de ensino, não temos calçada nas ruas, não temos biblioteca, não temos SALA DE AULA, estamos escassos de docentes e técnicos administrativos.

Sim, possuímos um corpo humano muito forte e destinado a fazer com que nos tornemos um centro de excelência, mas sem estrutura física BÁSICA é impraticável. O que temos de docentes, técnicos administrativos e discentes é nível "libertadores." Não temos um time fraco aqui. Mas, se não tivermos um centro de treinamento e um gramado razoável pra jogar, fica impossível. Estou há um ano no Campus e até hoje prometem, prometem, prometem a nossa estrutura física e NADA. Estamos chegando no limite de não possuirmos salas de aula para lecionar, o que é deveras lamentável. Tentamos fazer nossas pesquisas, e temos conseguido lentamente (visto a infinita carga burocrática que pegamos, e temos que pegar... alguém tem que fazer o bonde andar), mas em breve chegaremos ao ponto de doar nossas áreas de pesquisa para se tornarem salas de aula (você deve estar pensando que isto é certo, mas a grana é destinada para pesquisa... claro que se for o absolutamente necessário, fazemos).

Universidade brasileira é, em tese, baseada em três princípios básicos, todos seguidos de um adjetivo comum e essencial. Os princípios básicos: ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO. O adjetivo: "QUALIDADE." Temos e devemos retornar à população brazuca estes pilares, e com qualidade!!!

Resumo:

Dos dois pontos sobre a paralisação/mobilização: 1) Devemos apoiar e lutar junto para transformarmos o salário do profissional educador da educação fundamental e média em um valor justo e dar a este profissional condições decentes de trabalho; 2) Devemos apoiar e lutar para consolidar a educação de nível superior de qualidade no Brasil.
A carreira profissional de um docente em qualquer nível depende fortemente destes dois pontos.

Mas porque eu coloquei lá no início que sou hipócrita? Porque nós, sim... eu, VOCÊ, NÓS... NÓS somos hipócritas. Eu nos defino como bebezões chorões... vemos todos os dias os políticos (não todos) em seus esquemas de corrupção e o que fazemos? "Xingamos muito no twitter", ou vamos pra um buteco e reclamamos com nossos copos cheios de cerveja, ou ficamos reclamando no almoço, ou reclamamos em qualquer lugar. Mas não fazemos NADA. Onde está aquela juventude da década de 60/70? O que os pais de hoje, adolescentes e recém adultos daquela época, ensinaram aos seus filhos? A serem comodistas, assim como eles se tornaram? ONDE ESTÁ O BRIO DAS PESSOAS? ONDE ESTÁ A VONTADE DE FAZER MUDAR, DE FAZER ACONTECER, DE TORNAR ESTE UM PAÍS GRANDE?

Sou um hipócrita, admito. Reclamo e não faço nada. Mas quero, e vou mudar minha atitude. Tenho 3 opções: 1) ser comodista; 2) desistir; 3) lutar. Eu escolho a 3a, e você?

Bjo,

Leo

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Ranking das Universidades brasileiras

Foi criado pela Folha de São Paulo em colaboração com um grupo liderado pelo cienciometrista (ciência que estuda a produção científica) da USP Rogério Meneghini um ranking nacional de universidades. Foram listadas  191 universidades, que operam com pesquisa, ensino e extensão, e mais 41 centros universitários ou faculdades, dedicados sobretudo ao ensino. A USP lidera o ranking, a UFMG aparece em segundo, e a UFRJ em terceiro.  



 O ranking mostra novamente o domínio das instituições do Sudeste e Sul: entre as dez primeiras universidades na lista geral, cinco estão no Sudeste; três no Sul, uma no Centro-Oeste e uma no Nordeste. A melhor universidade do Norte, a federal do Pará, aparece na 24ª colocação do ranking. No site http://ruf.folha.uol.com.br você pode ver o ranking completo, saber um pouco mais sobre a metodologia utilizada e criar seu próprio ranking usando seis pesos diferentes para os indicadores de pesquisa, ensino, mercado e inovação. Lá você pode ver também várias matérias sobre as universidades avaliadas. Foram avaliados quatro quesitos: pesquisa acadêmica, qualidade de ensino, avaliação de mercado e inovação.


Até então não havia um ranking nacional e o Brasil dependia de classificações globais ou, no máximo, continentais, que citam poucas instituições brasileiras e desconsideram características nacionais. Uma delas é a avaliação do  QS Quacquarelli Symonds, grupo britânico especializado na avaliação de instituições de ensino superior e publica.

 A partir de 2011, o QS passou a publicar o ranking das melhores universidades da América Latina. Na edição de 2012 (QS University Rankings: Latin America), publicada em junho, foram ranqueadas as 250 melhores universidades de 19 países da América Latina.
Das 250 universidades ranqueadas, 65 são instituições brasileiras.  O ranking de 2012 foi estabelecido avaliando-se as universidades com relação aos seguintes indicadores: reputação acadêmica; reputação junto aos empregadores; número de estudantes; proporção do corpo docente com doutorado, número de trabalhos publicados por professor; citações de artigos e impacto na web.

A USP também lidera o ranking das melhores universidades da América Latina. Entre as dez primeiras colocadas, há 4 do Chile, 3 do Brasil, 2 do México e 1 da Colômbia. As três universidades brasileiras posicionadas entre as 10 melhores são: USP(1ª), UNICAMP (3ª) e UFRJ (8ª). A UFOP ocupa a 104ª posição entre as universidades da América Latina, a 30ª posição entre as instituições brasileiras e a 6ª posição entre as instituições mineiras. Além da UFOP, foram ranqueadas as seguintes universidades federais localizadas em Minas Gerais: UFMG (13ª), UFV (76ª), UFU (78ª); UFLA (85ª), UFJF (118ª), UFTM (138ª), UNIFAL (139ª), UNIFEI (140ª) e UFSJ (entre a 171ª e 180ª posição). De Minas Gerais, há ainda a PUC na 99ª posição. 


Mais informações sobre o ranking da QS podem ser encontradas em http://www.topuniversities.com/university-rankings/latin-american-university-rankings/2012 .

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Como o assunto da hora é a greve, que em algumas universidades já dura mais de 100 dias, nosso primeiro post não poderia deixar de ser sobre esse assunto. O texto a seguir foi escrito pelo Antônio Arapiraca, professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, no campus X em Curvelo/MG, e com experiência na área de Física Atômica e Molecular. Na área de Engenharia ele ajudou a desenvolver um sistema fotovoltaico embarcado utilizando um sistema de controle de carga otimizado. Tem atuado também com os seguintes temas: projetos de instrumentação para o ensino de ciências e engenharia; alfabetização e divulgação científica; popularização do uso de software livre. Ele faz parte do comando de greve, então vocês já imaginam qual é a posição dele sobre o assunto! Quem quiser saber mais sobre o trabalho do Ara pode visitar a página dele https://sites.google.com/site/antonioarapiraca/ .


A Tarefa de Resistir e as Eleições Municipais


31/08/2012
Por Antônio Arapiraca
De BH

Ainda que a onda de recriminação e a campanha de contrainformação protagonizada por diversos órgãos de mídia e pelo governo Dilma Roussef tenham um peso brutal, conseguimos ultrapassar 104 dias de Greve. De fato, estamos tod@s muito cansad@s. Porém, neste momento é preciso que tenhamos calma e tenacidade para que possamos renovar o fôlego do perseverar. Obviamente não é fácil dizer isto para trabalhadoras e trabalhadores que vem sendo sistematicamente cobrados para que voltem aos seus postos de trabalho.

O viés mais utilizado da campanha recriminatória que sofremos é o de que estamos prejudicando centenas de milhares de jovens em todo país. Quase nunca vemos na construção discursiva dos veículos de comunicação uma ênfase real às nossas pautas de reivindicações. Realmente, os estudantes são as maiores vítimas, mas não do movimento paredista docente, e sim do descaso histórico com o qual a educação brasileira é tratada.

Resistimos aos mais diversos ataques, ameaças e intimidações por parte do governo Dilma Roussef, que após tentativas inócuas de dissuadir o movimento grevista dos docentes aposta no silêncio e na ruptura de canais de negociação (os quais nunca existiram efetivamente) como forma de cansar a categoria. Porém, mesmo com toda virulência desferida, nos mantivemos firmes. Agora, mais do que nunca, é preciso refletir sobre um pouco do legado intelectual do pensador italiano Antonio Gramsci que dizia: “pessimismo da razão, otimismo da ação”.

Outros conceitos importantes que foram trabalhados por Gramsci são os de Hegemonia e o de Guerra de Posições. Isso mesmo, estamos numa guerra de posições disputando hegemonia com o governo Dilma Roussef. Talvez me chamem de ingênuo ou de utópico por pretender tarefa de tal envergadura, mas não esqueçamos do nosso papel enquanto agentes históricos. Nosso ofício é dedicado ao educar. Será este um poder pequeno?

Pois bem car@s colegas docentes, recentemente vários “intelectuais” de fachada, os quais muitas vezes recebem gordos financiamentos para legitimar discursos oficiais, apareceram para proferir insultos contra nossas reivindicações, mas destes não podemos esperar nada, pois se constituíram em “intelectuais” justamente por serem adesistas de plantão. Um deles nos disse que tínhamos o comportamento de crianças e até um belo texto foi escrito para rebater o dito senhor. Este texto ao meu ver, apesar de bem escrito, nem seria necessário, bastaria dizer a este senhor o que Gonzaguinha diria: “eu fico é com a pureza das respostas das crianças”.

E nada melhor para um docente, na acepção plena da palavra, do que falar sobre (e para) a juventude. Isso anima o perseverar e recarrega as baterias da motivação. El@s, a juventude, são nosso maior patrimônio e fonte de inspiração. Sim, digamos em alto e bom som, sem vergonha, com altivez e olhando nos olhos de quem quer que seja: a nossa luta é em nome da juventude brasileira. Lutamos em nome de algo muito maior que está para além das malhas salariais frias e ilógicas apresentadas pelo governo Dilma Roussef.

Resistir é fundamental, sobretudo com a proximidade das eleições municipais. Digo isto, porque a classe política de nosso país só consegue entender um tipo de linguagem, a do voto. E mesmo que a docência em nosso país esteja sendo historicamente dilacerada, não conseguiram tirar de nós o poder simbólico de formadores de opinião. Acredito que temos um papel central neste momento eleitoral. Talvez, com a exposição das contradições de suas posturas, os políticos optem por ações concretas na educação. Para isto a Greve Docente deve continuar e se intensificar.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Apresentações



Meu nome é Bárbara, há dois anos sou professora assistente no departamento de Matemática da Universidade Federal de Ouro Preto e desde 2004 sou aluna da Universidade Federal de Minas Gerais. Lá concluí minha graduação em Física, meu mestrado em Matemática e agora tento concluir meu doutorado em Matemática (ainda resta esperança). Ser professora sempre foi meu sonho de infância, mas ao chegar na universidade eu vi que a realidade estava muito distante do sonho em vários aspectos. Tem muita coisa errada nas universidades país a fora: falta de infra-estrutura, falta de professores, alunos que não querem saber de nada, professores que fazem um péssimo trabalho e outros que simplesmente não aparecem... eu sempre discuti muito sobre essas coisas com meus amigos e colegas de trabalho, discussões  na sala de café, no bar e principalmente no facebook. E da última discussão surgiu uma ideia: por que não gastar minhas horas de computador com alguma coisa mais importante que fotos de cachorros fofinhos? E assim, inspirada também na famosa página  Diário de Classe http://www.facebook.com/DiariodeClasseSC , criada pela Isadora de apenas 13 anos para mostrar ao mundo a situação da escola onde estuda, resolvi criar esse blog para que todos possam mostrar ao mundo o que acontece de bom e de ruim em suas universidades. Como escrever certamente não é o meu forte, resolvi criar um esquema em que as pessoas pudessem criar seus próprios posts. Vale (quase) tudo: denúncias de coisas que estão erradas, relatos de experiências que deram certo, opniões, casos, tudo o que vale a pena compartilhar sobre a sua comunidade universitária!
Se você quiser participar, basta mandar seu texo, vídeo ou fotos para o email universitariacomunidade@gmail.com .  Tô esperando!
Um agradecimento especial aos amigos Leonardo Antônio, Antônio Arapiraca, Éden Amorin e Fernanda Fiuza, parte importante dessa iniciativa!